
NARRATIVAS DA MINHA INFÂNCIA
LUANA NASCIMENTO
SOBRE MIM
PESSOAS QUE FIZERAM PARTE DA MINHA INFÂNCIA
HISTÓRIAS
Introdução
Quando surgiu a proposta de escrever um memorial, comecei a perceber que, quando conhecemos alguém e em algum momento contamos nossa história de vida – ou parte dela – sempre tem algo que fica omitido que, por motivo pessoal ou não, nunca é tão importante ou necessário que o outro saiba ao nosso respeito.
Levando em conta que o objetivo do memorial seja para narrar minha infância, não teria sentido eu a descrever sem contar a parte da minha história omitida, que eu considero a principal parte da minha infância, e introduziu todos os passos após o fato até a Pedagogia, fazendo meu olhar sobre a história da minha infância ter outro sentido.
1995
Nasci dia 06 de Setembro de 1995. No dia 09 de Setembro minha mãe me conheceu. Desde então moro em Comendador Levy Gasparian, uma cidade pequena que fica no interior do Rio de Janeiro, lugar onde estudei da Educação Infantil até o Ensino Médio. Primeiro moramos (eu, minha mãe e meu pai) no bairro Fonseca Almeida, quando eu tinha um ano e meio meus pais se separaram, ele foi morar com outra mulher.
Quando eu fiz três anos minha mãe voltou para casa da minha avó porque ela iria operar e precisava da ajuda da minha mãe. Então minha família era formada assim: eu, minha tia/madrinha Aninha, meu tio Marquinho, minha avó, meu avô, minha outra tia/madrinha Dada, o tio Gleiton e minha mãe. Dois anos depois minha tia Aninha engravidou do Matheus e ele chegou junto com o pai dele Luís, todo mundo na mesma casa!
Lembro que a tia Rita, uma vizinha, me contava que quando minha mãe chegou comigo na ambulância ninguém acreditou, mas todo mundo ficou feliz. Nos meus primeiros anos de vida, minha família realizou grandes festas de aniversários, eu sempre assistia as filmagens das festas nas fitas de videocassete e chorava porque eu era muito pequena então pensava como os adultos cuidavam de mim, eu tinha pena de mim mesma.
Educação Infantil
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2º período
Minha mãe conta que eu não chorei quando fui para o “prézinho” em 2000, até me adaptei bem entrei no segundo período e minha primeira professora foi a Tia Catarina, que ainda leciona e ainda a vejo com frequência, estudei no Colégio Cenecista São João Batista, no Centro de Levy, na época era particular, lembro de alguns itens da nossa lista de material escolar era a “massinha”, tinta e esteira de palha e que nós tomávamos banho de borracha no verão.
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3º período
No 3º período, em 2001, troquei de escola –não lembro o motivo, mas quase todas as mães matricularam as crianças em outra escola- e fui para Escola Municipal Àquilas Rodrigues Coutinho num bairro de Levy chamado Fonseca Almeida, lá era totalmente diferente da outra escola eu tinha que ir de ônibus e minha mãe não me levava mais então a professora ficava responsável e o meu tio estudava lá então também “tomava conta”, mas minha mãe fala que eu também não chorei, minha professora era a Tia Janaina, ainda leciona na Educação Infantil e eu vejo com frequência. Nossas brincadeiras era na recriação, correr, correr, pular corda e cantar, mas eu gostava da Tia Janaina.
Não sei qual era meu brinquedo preferido, mas lembro que um dia minha mãe chegou da padaria com um de papel cinza amarrado com barbante, lembro perfeitamente dessa cena, e trouxe junto uma fita das Chiquititas e ela colocava muito para eu escutar.
Fundamental l
Em 2002, de 6 para7 anos, fui para o C.A - acho que o significado é Classe de Alfabetização – voltei para Escola agora municipalizada São João Batista e minha mãe podia me levar de novo, a turma ainda tinha 90% dos alunos do 2º período que assim como eu voltaram. O professor era o Tio Carlos, que eu também vejo com frequência, mas hoje ele leciona em classes de adultos, ele usava régua no quadro para fazer a letra dele como num caderno de caligrafia e encapava todos os cadernos com plásticos iguais – era uma capa verde do Mickey – nossos “trabalhinhos” eram impecáveis e no dia do aniversário ele dava presente – escondido – para alguns alunos. Naquele ano estudou um menino mais velho que a maioria das crianças da turma, ele se chamava Jhonatan e nós tínhamos medo dele porque os adultos justificavam que seu comportamento rebelde contra o professor era porque o pai dele morreu na cadeia e ele tinha distúrbio por causa disso. Um dia o professor passou um trabalho em grupo sobre o Monteiro Lobato e o Jhonatan foi incluído no mesmo que eu estava nós marcamos o trabalho num sábado na minha casa e ele chegou junto com a prima cheio de material legal para nossa construção do trabalho. Nossa! Ele não era nada daquilo, eu cheguei à conclusão naquele mesmo dia. Ele completou o ano com a turma, mas depois nós não ouvimos mais falar sobre ele.
Como Levy é uma cidade pequena, geralmente as mães conhecem umas as outras e naquela época já havia os “amiguinhos” que eu mais convivia. Nesse mesmo ano minha tia Aninha engravidou do meu Matheus e se casou no dia da festa a Naiara veio junto com os pais a partir desse dia nós nos tornamos melhores amigas. Nos anos seguintes, a turma quase não mudou os laços de amizade foram ficando cada vez mais fortes. Nossas brincadeiras já incluíam a Barbie, as “lojas” e o Sítio do Picapau Amarelo era parte dos nossos assuntos.
Fundamental II
As brincadeiras e os encontros tomavam lugar fora da escola, inclusive começaram as festas do pijama. De 2007 até 2010 houve modificações na turma que vinha intacta desde o C.A , mas outros laços se formaram - a nossa turma sempre foi a “A”, mas sempre recebeu muitas reclamações - naquela época tudo é para sempre, tudo é possível e tudo é motivo de riso, os momentos são até mais valorizados. A nossa visão de estudo mudou porque não tinha mais disputa pela nota dez, mas no mínimo pela média que era cinco, os professores não eram mais “nossos tios”, passamos a escrever de caneta e as matérias aumentaram. Tinha uma tradição de bater na carteira com o mesmo som dos ensaios da Fanfarra Municipal ou cantar, principalmente, a música da banda NX Zero – Razões e Emoções lançada em 2007 e cada dia um tomava conta da porta. Eu me lembro de ter sido representante em alguns anos – era legal ser representante – teve um ano que nós fizemos protesto contra a saída do Professor de Geometria e quando a diretora chegou todo mundo saiu correndo, começamos a participar da feira de Ciências e das Gincanas que aconteciam na escola. A turma não era ao todo harmoniosa sempre tinha alguém que não conversa ainda mais quando começou a época do “gostar”, sonhar em namorar o fulano ou o cicrano, nessa mesma época eu já tinha até gostado de vários garotos, mas o principal era o Juninho.
Como tradição a oitava série sempre era privilegiada por ser a última turma na escola, portanto os mais velhos, todas as turmas de 8ª série ficavam na última sala no segundo andar da escola, com exceção da nossa que desceu para o primeiro andar do lado da Secretaria porque alguém ia “acabar caindo morto lá de cima” essas foram as palavras da diretora. Nós não queríamos declarar guerra à escola ou aos professores só aproveitar o tempo que estávamos ali. Todas as turmas saiam para passear com exceção da nossa. Mas, tudo foi vivido intensamente e eu ainda tenho esperança de que um dia alguém vai falar comigo, “hoje você vai tirar o dia para voltar a oitava série”.
A outra história do Ensino Fundamental II
Nessa mesma época, em mim, muita coisa mudou, eu estava entrando na adolescência, mas as brincadeiras ainda eram as mesmas Barbie, lojinha, dublagem, queimada, etc. só a classificação era outra: adolescente. Arnaldo Antunes diz assim: “Crianças gostam de fazer perguntas sobre tudo, mas nem todas as respostas cabem num adulto.” É com essa frase que eu começo a contar uma fase da minha vida não muito tranquila de coisas que aconteciam foram da escola.
Minha mãe estava saindo da casa da minha avó para ir morar com meu padrasto – numa casa ao lado – era terrível ver minha parte do guarda roupa, com adesivos da novela Rebelde, com roupas de outra pessoa. A minha mãe sempre quis “refazer a vida” e no início eu achei muito ruim, era como se ela tivesse me abandonando, mas já que era o desejo dela eu não queria impedir.
Algumas “amigas” que estudavam há muito tempo comigo me falaram, um dia na praça, que conheciam a minha mãe de verdade. Mas que mãe de verdade? Eu já tinha uma mãe de verdade. Eu só não entendi o sentido daquilo, porque um adulto ia pedir para “crianças” passar uma notícia dessas ou porque elas acharam importante me falar sendo que conviviam dentro da minha casa. Mas, eu não tenho raiva de nenhuma delas entendo que às vezes as pessoas são cruéis com ou sem intenção.
E aí depois disso tudo veio na minha cabeça. Lembrei de quando a Tia Janaina viu na minha “toalhinha” o nome Luana Teixeira e foi na secretaria perguntar se no Diário meu nome estava escrito errado – e não, não estava – minha mãe só tinha bordado o sobrenome dela que não existia no meu, mas eu não fiquei sabendo de nada disso. Lembrei o Matheus quando era bebê não chegou de ambulância, não sei de onde a Tia Rita tirou aquela história, mas eu me convenci em acreditar. Em 2005 quando tirei a carteira de identidade ela nunca podia ficar na minha mão, lembro de uma vez que eu fui junto com a família da Naiara para casa da avó dela e minha mãe entregou minha identidade diretamente nas mãos da mãe dela depois eu e a Naiara vimos que o nome da minha mãe estava errado atrás. Lembro exatamente das palavras da Naiara: “Amiga, vai ver só colocaram o nome da sua mãe errado, leva para trocar”, e foi sem intenção de magoar. Quando voltei para casa e encontrei minha mãe eu perguntei de quem era aquele nome atrás da minha identidade e ela só chorou, então eu não quis saber mais e ela também não quis falar.
Descobri minha adoção! Foi um momento muito confuso e um pouco solitário porque eu não conversava com ninguém sobre aquilo. Minha mãe nunca quis falar comigo sobre esse assunto nem ninguém da minha família, as meninas não tocaram mais no assunto. Acabei descobrindo sozinha também que na minha família existe mais um caso de adoção – meu tio Marquinho - e que também nunca foi falado, é como se na minha família fosse proibido falar “adoção”, todo mundo está aqui porque tem que ser assim: história escrita por Deus. O tio Gleiton também não tem laços sanguíneos, mas minha avó o criou desde bebê até a adolescência. Isso não me deixa mais triste, muito pelo contrário, me deixa muito feliz saber que estou aqui no meio dessas pessoas que me fazem tão bem, que me ama tanto, minha única e verdadeira família. É engraçado porque as pessoas não acreditam alguns dos meus amigos nem se quer sabem eu também não acho que seja a parte a mais importante de ser falada, mas faz diferença nas minhas atitudes, objetivos e vontades. Principalmente porque junto com esse bolo de informações, em 2010, meu avô faleceu. Pronto, mesmo sendo equilibrada eu comecei minha crise com Deus, mas eu sempre busquei –me forcei - ser compreensiva por isso tentei entende-lo.
O choque foi superado – ou não - eu pensava o que podia fazer com essa outra parte da história, tinha vontade de cursar Psicologia Infantil quando fosse para o ensino superior. Eu achava que os Psicólogos entendiam tudo, todos os problemas e podiam então ajudar as crianças que tivessem histórias que ninguém podia saber tudo seria superado. É como se eu fosse dar uma ajuda que eu não recebi. A “boadrasta” da Cris é Psicóloga – era a única que eu conhecia - e eu me achava exatamente como ela, totalmente equilibrada. Eu nem pesquisava muito sobre a profissão, mas queria.
Ensino Médio
Aos 15 anos de idade, em 2011, troquei de escola e comecei o ensino médio no Colégio Estadual Coronel Antônio Peçanha. Foi um terror. Eu não estava mais com as pessoas que estudei “minha vida toda”, as escolas eram totalmente diferentes, os professores, o método de ensino, as diretoras, tudo. Demorei muito para me adaptar – não sei se me adaptei - mas era minha única opção. Já naquele mesmo ano, comecei a fazer o PISM/UFJF – nunca acreditei que fosse dar em alguma coisa. Cheguei à conclusão de que não estava preparada para crescer, muito menos ir para a faculdade. As brincadeiras em casa acabaram o negócio agora era Orkut, MSN, Saga Crepúsculo, garotos e celular. Em Agosto de 2011 conheci um menino chamado Roniele e nós começamos a namorar.
Depois disso, comecei a pesquisar um pouco mais sobre Psicologia – que até então era a carreira que eu queria seguir – e percebi que não era bem aquilo. Ainda acho uma profissão admirável, mas naquele mesmo ano comecei a pensar em outra coisa, aquilo parecia tão difícil e o meu objetivo era tão mais simples. Pesquisei áreas relacionadas com crianças que era mais voltada para o que eu pretendia seguir e comecei a pensar na hipótese de Pedagogia.
A infância visitou o Ensino Médio
Apesar da minha recusa em estudar no Coronel, acabei saindo da turma que eu estava inicialmente, a 1002, que até tinha pessoas que eu conversava e fui para outra numerada como 1005, que tinha algumas das minhas amigas na época e acabou sendo mais confortável. A turma 1005 foi como um “puxadinho” que a escola fez para solucionar a lotação que aconteceu naquele ano. Algumas pessoas que eu conheci ali junto com as que vieram do São João, também não estavam prontas para crescer – outras já estavam até demais - então nós demos continuação a muitas coisas da infância. Nos dois anos seguintes foi a mesma coisa, algumas pessoas que eram próximas quebraram as correntes e outras distantes chegaram para mais perto, mas nada era totalmente harmonioso, haviam os grupos que mais se identificavam e o que eu fazia parte era sempre o das pessoas “infantis”.
A minha descoberta pela Pedagogia...
‘E’ e ‘Se’ são duas palavras tão inofensivas quanto qualquer palavra. Mas coloque-as juntas, lado a lado, e elas têm o poder de assombrá-la pelo resto da vida. ‘E se’... E se? (trecho do filme Cartas para Julieta, lançado em 2010).
Agora eu acredito que, na minha história, eu não me questionei com o “E se?” porque sinto como se tudo que aconteceu até aqui foi proposital e tinha que ser assim mesmo. Todas as hipóteses sobre o curso superior que eu pretendia fazer se encaixavam nisso e, se eu me questionasse tanto por que comigo tinha sido assim, eu teria estragado tudo procurando, talvez, caminhos que não fossem me levar a nada, a não ser revolta. Eu descubro que sempre quis Pedagogia, quando paro para pensar na minha vida, na minha história, quando penso no papel da Pedagogia, no meu desejo de realizar trabalhos voluntários com as crianças e também quando penso que, em uma sala com trinta alunos, pelo menos um vai se lembrar de mim durante a vida levando alguma coisa que eu disse ou fiz - por menor que seja - como uma aprendizagem. E é isso que eu espero.
O relógio tira a infância do Ensino Superior e ao mesmo tempo traz – muitas - lembranças
Terminei então o ensino médio e consegui ingressar em Pedagogia/UFJF pelo PISM, terminei também meu namoro. Ouvi muitas críticas por ter escolhido Pedagogia, mas não liguei para nenhuma delas. Agora eu tenho uma visão muito diferente de mundo, de Educação, de Pedagogia, de vida, de tudo e carrego uma certeza tão absoluta de que fiz a escolha certa, que me da uma sensação de prazer e medo. Antes eu falava que não me via fazendo outro curso se não fosse Psicologia e agora eu posso falar que não me vejo fazendo outro curso se não de Pedagogia, que me traz lembranças e me faz querer fazer parte delas também em outra pessoa.
E copiando Magda Soares em seu livro Metamemória-memórias: travessia de uma educadora, “tentei não apenas descrever minha experiência passada: tentei deixar que essa experiência falasse de si...” (p. 15).





















Novela
Amy, a menina da mochila azul
Novela
Alegrifes e Rabujos
Abertura 2001 - 2012 do Sítio
NX Zero - Razões e Emoções
Novela Chiquititas 1997-1998
Abertura Teletubbies
Abertura Bananas de Pijamas






















Abertura - 1ª Temporada da novela Rebelde



![]() Meu tio Marquinho | ![]() Tio Marquinho | ![]() Minha mãe Lucinha |
---|---|---|
![]() Mãe | ![]() Tio Gleiton | ![]() Tio Gleiton |
![]() Matheus | ![]() Matheus | ![]() Luzia avó e Zé Pimba avô |
![]() Vó | ![]() Alexandre meu padrinho | ![]() Alexandre |
![]() Madrinhas: Aninha e Dada | ![]() Madrinhas, Matheus e avó | ![]() Naiara, amiga de infância |
![]() Victor, amigo de infância | ![]() Lucas, amigo de infância | ![]() "As boas" |
![]() Juninho | ![]() Roniele | ![]() Mãe e Vicente (pai) |
Luzia, minha avó.
Minha avó é a melhor pessoa que eu conheço, é uma pessoa que move o mundo pelas pessoas que ela ama e ama intensamente, eu não tenho palavras para descrevê-la nem para descrever meus sentimentos por ela, qualquer que seja minha escolha é sempre pensando se ela vai se orgulhar de mim. Mas é extremamente durona, ciumenta e sistemática, as pessoas falam que ela “não cortou o umbigo dos filhos, nem dos netos”. Mas nossa ligação é muito forte, nossos conflitos também. Eu sempre, desde pequena, gostei de dormir no cantinho da cama dela, antiguíssima de ferro branco, ali é o melhor lugar do mundo para dormir. Minha tia conta que antes ela era muito rígida, só depois que eu cheguei aquele coração se derreteu... Ela fala que eu sou dela, não sou mais da minha mãe. Ela sempre preferiu que viessem mil amigos para nossa casa para eu não precisar ir à casa de ninguém.
Lucinha, minha mãe.
Minha sempre quis “refazer a vida”, ela vive refazendo a vida é uma mulher cheia de fases. A pessoa mais carente que eu conheço, precisa de atenção como ninguém e é extremamente estressada. Minha mãe sempre se preocupou com roupa e sapato era o que eu mais ganhava de presente, mas não sapatos de plásticos então a Xuxa, a Sandy e a Angélica raramente estiveram em meus pés. Nós sempre dormimos juntas, até ela se casar de novo com o Claudinho o relacionamento durou 8 anos, recentemente, eles se separaram e ela ta na fase de viver o tempo perdido. Ela sempre foi liberal, sempre me deixava dormir na casa das minhas amigas, me deixou namorar com 15 anos, mas a minha avó pegava no pé dela e então ela tinha que me prender.
Marquinho, meu tio.
Meu primeiro amigo e meu primeiro rival. Nossa relação sempre foi de ciúme, temos uma diferença de nove anos de idade então eu sempre me espelhava nele, exceto nos gostos que são totalmente diferentes. Eu queria ficar o tempo todo atrás dele quando era pequena, aqui em casa tinha uma mangueira e quando estava chegando a época da fruta começava a cair “manguinhas” bem pequenas, ainda verde, nossa brincadeira preferida era pegar palitos e fazer furar na manga fazendo virar várias coisas, pessoas, animais, objetos depois dessa brincadeira a segunda melhor coisa era tomar banho de borracha. Mas, depois ele começou entrar na adolescência, gostava muito mais de jogar Nintendo até que um dia depois da minha avó tanto insistir ele me deixoueu jogar junto e quando fui pular para comemorar alguma coisa do jogo acabei derrubando o vídeo game no chão ai pronto ele não queria mais saber de mim, eu passei a brincar muito mais sozinha.
Dada, minha tia e madrinha.
O nome da Dada é Alessandra, mas nós nunca a chamamos assim. A Dada foi quem me presenteou com a primeira bicicleta, lembro que eu nem sabia andar e já queria correr, ainda por cima em pé, por isso caia tanto. A Dada saiu de casa e foi morar em Juiz de Fora, com 18 anos para ser “alguém na vida”, mais ou menos quando eu cheguei, nós não temos uma ligação tão forte, talvez por isso. Mas, ela estudou, fez faculdade de Enfermagem e trabalhou muito para conquistar seu objetivo. Mas sempre ligou e vem em casa com frequência por causa da minha avó.
Aninha, minha tia e madrinha.
Minha tia quando eu cheguei fazia tudo para mim. Mas a nossa relação - depois que eu cresci um pouco e principalmente depois que o Matheus nasceu – sempre foi difícil de entender, as vezes muito amor e as vezes muita briga.
Matheus, meu primo.
Eu considero o Matheus como um irmão mais novo, bem mais folgado, preguiçoso e irresponsável, mas irmão. Menino na minha casa sempre tem privilégio pelo simples fato de ser menino e eu vou viver numa revolta eterna com isso. Nossa diferença é de cinco anos, nós brincamos muito juntos de todas as brincadeiras.
Perto da nossa casa tinha um bar de madeira chamado “duas rodas” e o filho dos donos da época, chamado João Pedro, ficava muito aqui em casa porque lá não tinha companhia, os adultos ficavam ocupados e nem era um ambiente muito bom para ele ficar, principalmente, porque tinha alguns problemas de saúde. O João Pedro tinha diferença de dois anos comigo então sempre brincávamos nos três: Matheus, João Pedro e eu. As brincadeiras eram diversas, tanto fora de casa quanto dentro de casa, como eles eram meninos, eles escolhiam mais vezes e as brincadeiras eram sempre de ação e quando era minha vez eles não aceitavam muito.
Na época da novela Rebelde, quando vinha meus outros amigos brincar, nós brincávamos de dublar e imitar os cantores: Luana – Mia, Cris – Roberta, Naiara – Lupita, João Pedro – Diego, Victor – Miguel e o Matheus – Giovane, ou então o grupo de forró Calcinha Preta.
Quando eu e Matheus brincávamos juntos, nós revezávamos as vezes vídeo game, as vezes casinha, eu tinha um “sofázinho” de dois lugares e fazia de berço para ele, ou Barbie misturado com Fazendinha, gostávamos de brincadeiras que fossem no quintal também, uma vez nós descemos até a beira do rio para pegar a bola que havia descido e o Matheus foi atacado por marimbondos, muitos, muitos, muitos marimbondos depois ele ficou todo inchado e tinha que andar só pelado.
Nossas brigas pelo controle da TV eram rotineiras. Eu ainda tenho marca de uma mordida dele e a minha tia me lembra direto que eu colei o olho dele com cola super bonde e ela ficou desesperada para tirar com água quente.
Vicente, meu pai.
Eu não tive muito contato com o Vicente depois que separou da minha mãe, vejo raríssimas vezes, nenhum contanto mesmo. Ele foi apenas a pessoas que assinou junto com minha mãe o papel de responsáveis sobre mim, mas nunca foi. Sempre chamei o meu avô de pai porque via meu tio chamando, mas até mesmo depois que passei a entender continuei o chamando de pai e é quem eu considero meu pai. O Vicente não teve contato comigo na minha infância, nem na adolescência, mas acabei tendo afinidade com o filho dele, que eu considero como um irmão. O Daniel veio muito aqui em casa, agora nós quase não temos tempos de nos ver. Mas ainda nos falamos, nossa brincadeira era andar de bicicleta na rua, para tudo quanto é lugar dentro de Levy, nós passamos muito tempo conversando e rindo eu não entendo como nossa ligação é tão intensa, mas o Daniel é como um presente.
Zé Pimba, meu avô/pai.
Quando eu era pequena adorava andar de caminhão com meu pai, nunca respeitei tanto alguém igual o respeitava. Lembro que os meninos na época do ensino fundamental me chamavam de Zé Pimba eu não gostava, ficava revoltada, mas depois até acostumei. Ele gostava muito de pregar as palavras de Deus mesmo sem ter lido uma palavra da Bíblia e eu aprendi muito, escutei muito e sinto muito falta. Ele ajudava quem precisasse de ajuda a hora que fosse nunca quis ser injusto e era muito engraçado. Minha avó fala que desde pequena eu era puxa saco dele, nos dias dos pais eu e meu tio sempre levantávamos primeiro para arrumar mesa de café da manhã, mas antes mesmo da gente acordar ele já tinha até tomado, só agradecia e comia de novo. Meu pai um dia me falou que achava professora a profissão mais bonita que existe, e eu amo lembrar dessas palavras! Nos deixou tão cedo, tão rápido, tão sem explicação, mas me deixou pronta para cuidar da minha avó e ficar no lugar dele que era meu cantinho preferido da cama deles. Nossa meu pai era tudo, eu não consigo nem escrever, faltam palavras... só sentir saudade e alegria de ter vindo para esse lar de amor.
Victor, Lucas e Naiara, meus grandes e velhos amigos.
Conheci o Victor e a Naiara ainda no segundo período da Educação Infantil desde então nós sempre estudamos juntos e compartilhamos muitos momentos, são pessoas que eu agradeço muito de ter por perto. Eu e o Victor sempre falavamos que nossa profissão seria a mesma só para nunca nos separar, hoje em dia ele faz Engenharia Civil na Doctum em Juiz de Fora, a Naiara trabalha, mas ainda quer fazer curso de Estética na Universo ano que vem.
A mãe do Lucas foi minha "mãe de leite", nós só estudamos juntos duas vezes, mas sempre mantemos contato, passamos muitos finais de semana juntos, agora ele está cursando Direito na UFRRJ em Três Rios e nós quase não temos nos falado só quando é para cobiçar que as férias chegue rápido.
Roniele, grande companheiro.
Eu e o Roniele começamos a namorar com 15 anos, por isso acho que crescemos e mudamos juntos, hoje estamos seguindo caminhos diferentes, mas foram anos divertidos, ele significa muito mais que um ex-namorado, foi um grande amigo também.
Juninho
O Juninho é um grande amigo, infelizmente, ele tem anemia falciforme uma doença muito triste, mas ele consegue fazer disso um motivo para aproveitar todos os dias sem pensar no futuro. Sempre gostei dele e quanto mais convivo mais gosto. Ele fala que vai ser sempre criança porque não vale a pena ser adulto numa vida tão curta, e ele realmente é.
As boas, amigas.
As boas são amigas que não me acompanham desde a infância, mas me fazem sentir como criança. Meninas maravilhosas que me ajudaram muito quando eu vivia em crise por ter que estudar no Coronel Antônio Peçanha e que carrego até hoje com muita saudade porque agora cada uma faz faculdade em um lugar, em turnos diferentes e no final de semana estão namorando então fica muito difícil o encontro, isso quando não tem algo para estudar, sempre aquela desculpa do tempo curto. Nós sempre nos falamos pelas redes sociais para saber as novidades. Não saimos todas juntas, mas sempre nos esforçamos para encontrar umas com as outras.
Nomes: Tatiana, Larissa Silva, Larissa Marcolino, Kycia, Taís, Juliana, Rayanny, Raiana, Aline, Raquel e Victória.
Os meninos que aparecem na foto são: Sávio namorado da Tati, Ualace namorado da Raquel, Victor e Lucas.